17 de dezembro de 2011

Poema de Natal

O primeiro romântico

por Lucila Nogueira
Lucila Nogueira

De nada adiantou
teu romantismo
Expulsando do templo
os vendilhões
dois mil anos depois
somente os ricos
têm direito a comer
pelo Natal
Eles trocam presentes
junto à arvore
no solstício de inverno
dos pagãos
eles trocam presentes
em dezembro
e o mundo continua
sem ter paz
E quem ousa dizer
fraternidade
entre tiros e bombas
e explosões?
crianças miseráveis
nas janelas
do morro e das favelas
pedem pão
sonhando um mito nórdico
na noite
terrível de um Brasil
sem solução
e quem ousa dizer
fraternidade
no presépio/calvário
da nação ?

Violência e egoísmo
são as regras
de uma terra a girar
no céu azul
e quem ousa dizer
fraternidade
sem aprender a amar
o seu irmão?
Teu corpo retirado
do calvário
as cordas sobre a cruz
e o Paquistão
Maria na Turquia
e os muçulmanos
morrem na guerra
do Afeganistão
São tempos de clonagem
João Batista
de mãe que não podia
conceber
de mãe que era uma virgem
Jesus Cristo
nasceu na manjedoura
Glória ao Pai
De nada adiantou
teu romantismo
multiplicando o vinho
em Canaã
dois mil anos depois
somente os ricos
têm direito a comer
pelo Natal.


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Feliz Natal...

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