Veja um exemplo:
Sonda da Nasa detecta primeiro terremoto em Marte
Parece um simples vendaval, mas não é: o tremor sentido pela InSight no planeta vermelho foi a primeira evidência de abalos sísmicos marcianos da história.
Pouco mais de quatro meses após pousar em solo marciano, a
sonda InSight, da Nasa, sentiu o planeta vermelho tremer pela primeira
vez. Segundo a agência espacial americana, o abalo foi detectado no
último dia 6 de abril, e parece ter vindo do interior do planeta.
Apesar dessa suspeita, os cientistas
não conseguiram cravar o ponto exato em que o terremoto aconteceu. O
balanço foi sutil demais para que fosse possível mapear como a energia
sísmica se irradiou, passo importante para entender o que existe no
centro de Marte – um dos principais objetivos da missão.
“A superfície marciana é extremamente
silenciosa, o que permite captar tremores sutis”, explica o Laboratório
de Propulsão a Jato, da Nasa, em comunicado.
“Em comparação, a superfície da Terra treme constantemente devido ao
barulho criado pelos oceanos e correntes de ar. Se um tremor da mesma
intensidade acontecesse no sul da Califórnia, por exemplo, acabaria
perdido entre dezenas de pequenos balanços que acontecem todos os dias”.
Na Terra, os abalos sísmicos são
resultado de fraturas no solo que nascem com o movimento das placas
tectônicas – as camadas de rocha que envolvem o planeta. Marte, no
entanto, não possui placas do tipo. Por lá, os problemas são outros:
devido às baixas temperaturas, a superfície está constantemente resfriando e contraindo.
Esse movimento aumenta o estresse entre as rochas. Muito estresse
acumulado, por fim, acaba quebrando camadas de pedra na superfície,
liberando energia na forma de tremores. Vira e mexe, meteoritos
despencam no planeta, o que também pode causar terremotos.
No vídeo a que você pode assistir
abaixo, dá para ouvir três sons captados pelo sismógrafo SEIS (sigla em
inglês para Experimento Sísmico para Estrutura do Interior).
Extremamente sensível, ele foi posicionado no solo de Marte pela InSight
em 19 de dezembro de 2019,
dias após à chegada. O primeiro som que ouvimos é resultado do vento
pela superfície de Marte, depois o causado pelo terremoto em si, e, por
fim, o barulho do braço robótico da sonda se movendo para tirar fotos do
planeta vermelho.
O barulho lembra o de um vendaval, e provavelmente sequer fez
cócegas na superfície de Marte. Mesmo assim, foi muito comemorado pelos
pesquisadores. “Esperamos por um sinal desse tipo durante meses”, disse
Philippe Lognonné, cientista francês que lidera o time responsável pelo
SEIS. “É muito empolgante encontrar provas de que Marte é sismicamente
ativo. Estamos ansiosos em compartilhar resultados mais detalhados,
assim que tivermos tempo para analisá-los.”
Outros possíveis tremores marcianos
foram flagrados nos dias 14 de março, 10 de abril e 11 de abril – mas
foram ainda menos claros do que este que você ouviu acima. Segundo explica o Laboratório de Propulsão a Jato, o áudio foi acelerado 60 vezes. Isso porque as vibrações naturais de Marte não são audíveis ao ouvido humano.
“Provavelmente, foi um evento com magnitude de até 2 [na escacla
Richter], e que aconteceu a cerca de 100 quilômetros de distância. Essa
estimativa é um tanto incerta, mas é o que parece ser”, disse Tom Pike,
pesquisador envolvido na análise dos dados obtidos pelo sismógrafo, em entrevista à BBC.
Sem contar a Terra, só havíamos sido capazes de detectar
tremores do tipo na Lua. De acordo com os pesquisadores, o sismo
marciano é bem parecido com aqueles que as missões Apollo captaram em território lunar, entre 1969 e 1977.
No futuro, a ideia é obter informações sobre a estrutura interna de Marte,
incluindo aspectos como o tamanho e a densidade da crosta, manto e
núcleo – além da dinâmica de calor do planeta e o total de água que
existe em seu interior. Desvendar o que as camadas mais profundas de
Marte escondem pode ajudar cientistas a entender como outros planetas
rochosos (como a Terra, por exemplo) se formaram, há milhões de anos.
retirado de:
Superinteressante
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