13 de novembro de 2016

Racismo: como virar de vez essa triste página da história?


Redação | Racismo: como virar de vez essa triste página da história?


Recentemente, a agressão racista sofrida pelo jogador brasileiro Daniel Alves ganhou destaque nos meios de comunicação, devido ao modo bem humorado de o atleta reagir a ele. A Daniel se solidarizou o craque Neymar, que postou uma foto nas redes sociais, e milhares de pessoas, famosas ou anônimas. Manifestações racistas no futebol, infelizmente, não são novidades e não acontecem somente no exterior, mas também aqui no Brasil. Não há dúvida de que o preconceito racial reflete uma mentalidade antiga e supostamente ultrapassada. Remete aos tempos da escravidão, no Brasil ou nos EUA; da segregação no Sul dos Estados Unidos; do extinto Apartheid, na África do Sul; e até mesmo do Nazismo, na Alemanha. Então, por que o racismo continua a se manifestar em pleno século XXI e como combater o problema, de forma a eliminá-lo definitivamente? Considerando os textos que seguem, faça uma dissertação argumentativa expondo suas ideias sobre esse grave problema social.




Racismo sem vergonha
Muitos se surpreenderam com a agressão da torcida do Mogi ao meia Arouca, do Santos, em março, no dia seguinte à agressão sofrida por um juiz no Rio Grande do Sul. No entanto, desde que o futebol virou uma profissão, lá por 1930, grandes craques negros --um Fausto, um Jaguaré, um Valdemar, um Leônidas, um Zizinho, um Pelé-- e pequenos, cujo número é infinito, foram hostilizados e prejudicados pelo racismo. (...)
O nosso racismo é envergonhado, tanto que alguém acusado de preconceito e discriminação racial se defende dizendo que tem amigos e, às vezes, até parentes negros. Diante de uma ofensa racista, sentimos vergonha pelo ofensor --no fundo, de nós mesmos. Tinga e Arouca são artistas doces e inteligentes da bola, que vergonha por quem os agrediu! Temos racismo em todas as suas formas --o preconceito, mais brando, a discriminação, mais eficaz, o racismo propriamente dito, estrutural, que organizou as nossas relações de trabalho, nossos hábitos, nossa moral pública. (...)

A vergonha de ser racista é que acabou, ou está acabando. Se na Copa pularem feito macacos atirando bananas no campo, dou meu conselho aos jogadores negros. Façam como Daniel Alves esta semana: descasquem as bananas e comam. Essa também é uma tradição brasileira: o que vem a gente traça. No final do processo digestivo, a ofensa se transformará no que verdadeiramente é --aquela "coisa" amarelada.
[Joel Rufino dos Santos, historiador e escritor, na Folha de S. Paulo]
Estereótipo incorrigível
Ao analisar o preconceito, o filósofo italiano Norberto Bobbio deixa claro que ele se constitui de uma opinião errônea (ou um conjunto de opiniões) que é aceita passivamente, sem passar pelo crivo do raciocínio, da razão.

Em geral, o ponto de partida do preconceito é uma generalização superficial, um estereótipo, do tipo "todos os alemães são prepotentes", "todos os americanos são arrogantes", "todos os ingleses são frios", "todos os baianos são preguiçosos", "todos os paulistas são metidos", etc. Fica assim evidente que, pela superficialidade ou pela estereotipia, o preconceito é um erro.

Entretanto, trata-se de um erro que faz parte do domínio da crença, não do conhecimento, ou seja ele tem uma base irracional e por isso escapa a qualquer questionamento fundamentado num argumento ou raciocínio. Daí a dificuldade de combatê-lo. Ou, nas palavras do filósofo italiano, "precisamente por não ser corrigível pelo raciocínio ou por ser menos facilmente corrigível, o preconceito é um erro mais tenaz e socialmente perigoso".

Somos todos humanos
Episódios como o insulto ao lateral brasileiro devem mobilizar governos, confederações, clubes e torcedores em torno de uma agenda positiva, que previna e não apenas reprima a violência.

Ação preventiva requer atuação cotidiana norteada para as causas do racismo e não apenas para seus efeitos.

Um exemplo simples: até hoje nossas crianças não aprendem nas escolas a razão pela qual negros e brancos têm diferentes tipos de pele. Trata-se de conhecimento que a genética disponibiliza há séculos, mas que ainda não aportou no currículo escolar.

Enquanto diferença for associada à inferioridade, o racismo vai continuar se manifestando. Somos todos seres humanos: essa deve ser nossa resposta ao racismo!
[Hélio Silva Jr., advogado, na Folha de S. Paulo]

Observações
Seu texto deve ser escrito na norma culta da língua portuguesa;
Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;
Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;
A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;
Não deixe de dar um título à sua redação.

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